Na manhã quente de 27 de março, Paranaguá estava em festa. O motivo era mais que especial: prefeitos, secretários, coordenadores pedagógicos e professores dos sete municípios do litoral paranaense se reuniam para celebrar o início de um novo ciclo para a Educação da região. No centro da pauta, dois marcos importantes: a renovação do compromisso com o Arranjo de Desenvolvimento da Educação (ADE) Litoral Paranaense e o lançamento do livro “Sete vozes e um propósito: a jornada da colaboração das redes de ensino e a cultura do litoral paranaense“, uma coletânea de boas práticas educacionais construída a muitas mãos.

Maíra Weber apresentando o lançamento do livro “Sete vozes e um propósito”.
Implantado em 2022 com o apoio técnico do Instituto Positivo, o ADE é mais do que um projeto – é um pacto entre municípios que decidiram não caminhar sozinhos. Juntos, eles vêm construindo uma nova cultura educacional, baseada em confiança, escuta e troca. E o que o livro lançado naquele dia revela é o que já floresce dessa união: práticas concretas, inspiradoras, que nasceram da formação continuada e da força do trabalho em rede.
O evento marcou o início de um ano que promete ser decisivo. Com a troca de gestão em seis dos sete municípios participantes, 2025 será um período de retomada – mas também de consolidação e aprofundamento das conquistas. E o que se viu ali, naquele auditório lotado, foi uma demonstração clara de que os frutos da colaboração já começaram a ser colhidos. “Encontramos no litoral paranaense uma terra fértil onde podemos semear a colaboração municipal. Hoje, temos 32 mil bons motivos para estar aqui”, declarou Lucas Guimarães, presidente do Grupo Positivo, referindo-se ao número de estudantes impactados pelas ações do ADE.
Quando a formação vira prática – e a prática vira inspiração
O livro “Sete vozes e um propósito” reúne 82 boas práticas desenvolvidas pelas redes municipais de Educação de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná. São ações que nascem das formações realizadas no âmbito do ADE e ganham vida nas salas de aula, nos corredores das escolas e nos planejamentos dos coordenadores. E, em muitas delas, a tecnologia ocupa papel de destaque – não como fim, mas como meio para ampliar o alcance da aprendizagem.
Em Morretes, por exemplo, a prática Avança Morretes – Coordenadores em Ação nasceu diretamente dos encontros de formação do ADE. A proposta reorganizou o papel dos coordenadores pedagógicos, promovendo um acompanhamento mais próximo das turmas e fortalecendo o elo entre gestão e prática pedagógica. A comunicação entre os profissionais foi potencializada com o uso de grupos temáticos online e documentos compartilhados, tornando os processos mais ágeis e colaborativos.
Outro destaque do município é a prática Otimiza Edu, implantada na Escola Municipal Dr. Luiz Fernando de Freitas. Com a criação de uma central digital de documentos no Google Drive, a equipe gestora passou a organizar planejamentos, relatórios e registros pedagógicos de forma prática, segura e acessível. A iniciativa reduziu o uso de papel e otimizou o tempo de todos os envolvidos.
Essas experiências não surgiram por acaso. Elas são fruto de uma trilha formativa robusta, cuidadosamente construída ao longo dos três anos de atuação do ADE. Parte desse percurso contou com uma parceria especial: a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, ofereceu uma formação online, em aulas assíncronas, voltada a diretores escolares, gestores e equipes técnicas das Secretarias de Educação. A trilha trouxe temas essenciais para o fortalecimento da liderança educacional e permitiu que cada profissional aprendesse no seu ritmo, com qualidade acadêmica reconhecida.
Colaboração como caminho e como cultura
Ao renovar o compromisso com o ADE Litoral Paranaense, os prefeitos presentes no evento em Paranaguá reafirmaram que, mesmo em anos de transição política, a educação precisa continuar no centro das prioridades. “O que se evidencia é que muitas das dificuldades enfrentadas por um município podem ser superadas com apoio dos vizinhos. A força dessa colaboração está na busca por um objetivo comum: garantir qualidade para todos os estudantes do litoral”, disse Fabíola Arcerga, secretária de Educação de Paranaguá.

“O que está registrado nessas páginas é o esforço coletivo de profissionais comprometidos com a transformação da educação. São práticas que nasceram da escuta, da reflexão e da troca – e que agora podem inspirar outros territórios.”
Maíra Weber, coordenadora de Comunicação, Produção e Disseminação de Conhecimento do Instituto Positivo
Um arranjo que se fortalece com o tempo
O ADE Litoral Paranaense é o primeiro do estado do Paraná. A iniciativa é coordenada tecnicamente pelo Instituto Positivo e reúne os municípios de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná. O objetivo é promover a melhoria da qualidade da educação por meio da colaboração entre as redes municipais – especialmente em um território marcado por desafios estruturais, mas também por uma riqueza cultural e histórica singular.
Desde o início, o foco do trabalho coletivo foi claro: melhorar os índices de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática no Ensino Fundamental – Anos Iniciais. A partir de formações continuadas, oficinas e encontros mensais, os profissionais da Educação foram capacitados a identificar fragilidades, planejar ações e avaliar resultados. O livro lançado em março é, portanto, mais do que um registro – é a prova de que a colaboração gera frutos.
“Acreditamos que nenhuma rede deve caminhar sozinha. Ao reunir os municípios em torno de um objetivo comum, o ADE transforma a realidade educacional com mais agilidade, menos desperdício de recursos e muito mais protagonismo local.”
Kátia Ferreira, coordenadora de Responsabilidade Social do Instituto Positivo

Um propósito que segue firme
Ao olhar para frente, o desafio é dar continuidade ao que já deu certo – ampliando, adaptando e inovando. O Instituto Positivo segue como parceiro técnico do ADE, oferecendo mentorias, formações e suporte estratégico. “Encontramos no litoral paranaense uma terra fértil onde podemos semear a colaboração municipal. Essa união sempre terá como resultado uma educação melhor”, reforça Lucas Guimarães.
Com tecnologia, formação, protagonismo local e um forte senso de pertencimento, o ADE Litoral Paranaense prova que a educação se fortalece quando ninguém caminha sozinho.
Sete vozes e um propósito: a jornada da colaboração das redes de ensino e a cultura do litoral paranaense.