Entusiasmo e cautela. Essas duas qualidades quase opostas estão protagonizando as discussões sobre a Inteligência Artificial (IA) nos diversos setores da sociedade, inclusive no ambiente corporativo. O Grupo Positivo é um exemplo de organização que vem tentando se adaptar às velozes transformações promovidas pela tecnologia, ponderando entre as facilidades que as ferramentas diversas proporcionam na rotina dos colaboradores e os perigos de toda ordem aos quais eles estão expostos ao utilizá-las.
Algoritmo que permite conversar e obter respostas criativas sobre diversos assuntos, a partir de informações disponíveis na internet. No Positivo, ele é aplicado, por exemplo, no desenvolvimento de um sistema para avaliar as políticas de reembolso e as políticas de auditoria.
Recursos como Chat GPT e Microsoft Copilot já estão em uso no Positivo, para o desenvolvimento de projetos que, ao mesmo tempo em que contribuem para a inovação dos processos, esclarecem dúvidas sobre a própria IA. Se tempos atrás o conhecimento digital era restrito à área de Tecnologia da Informação (TI), hoje ele ocupa vários espaços, criando uma espécie de rede em que as pessoas têm bastante autonomia para acessar e compartilhar informações, sem depender da TI.
Assistente de chatbot lançado recentemente que serve como uma ferramenta de conversação e gera uma variedade de conteúdos, entre outras funcionalidades. No Positivo, ele tem sido usado em projetos específicos e para transmitir informações sobre a IA aos colaboradores.
Porém, esse cenário de liberdades e facilidades exige muita cautela. De acordo com o gerente de Infraestrutura de TI e Segurança da Informação no Grupo Positivo, Anderson Macionki, as plataformas de IA geram preocupações em termos de segurança, como no caso do vazamento de informações sigilosas. Portanto, para que elas cumpram sua finalidade máxima de simplesmente ajudar o trabalho humano no dia a dia das empresas, é importante que as equipes tenham o conhecimento necessário e atuem em sinergia – o que por si só representa um grande desafio.

“Tentamos desenvolver uma política de uso de IA, mas tudo vem acontecendo com muita velocidade. Estamos engatinhando nessa tentativa de ‘equilibrar a balança’: cuidar com a segurança sem deixar de lado a tecnologia. Tem muita coisa para melhorar, aprender e debater, e estamos frequentemente abordando essa questão com as lideranças para ver como nos posicionarmos de modo a não inibir ou abrir mão de alguma solução diferenciada, tentando equalizar tudo isso.”
Anderson Macionki, gerente de Infraestrutura de TI e Segurança da Informação do Grupo Positivo.
Shadow IT: um perigo iminente
Há um fenômeno que está se tornando cada vez mais comum e que vem ameaçando a segurança nas empresas. Trata-se da Shadow IT (na tradução literal, “TI nas sombras”), uma prática a partir da qual os usuários, na intenção de elevar o nível de produtividade, instalam e exploram novas ferramentas sem a autorização do departamento de TI. Esse comportamento é compreensível, uma vez que em tempos de IA existe um nível de autonomia por parte dos usuários, mas ele é muito perigoso.
VALE A PENA ASSISTIR
O documentário Coded Bias, disponível na Netflix, denuncia a fragilidade da IA e sua relação com temas sociais. Dirigida pela cineasta e ativista Shalini Kantayya, a obra conta a experiência profissional de Joy Boulamwini, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) que descobriu falhas na tecnologia de reconhecimento facial – especialmente no caso de mulheres negras.

“A Shadow IT é mais uma consequência de tudo isso que estamos vivendo hoje com a IA de forma geral na sociedade. Aqui no Positivo, o setor Jurídico está discutindo o tema e, de forma conjunta, estamos atuando para levar esclarecimento aos colaboradores, auxiliando-os a compreender que esse tipo de tecnologia e a nossa relação com ela ainda não estão maduros. Temos que balancear a dicotomia de ‘não ficar para trás, mas ter cautela’. A TI oferece orientações e apoio, para que as iniciativas sejam viabilizadas de forma segura.”
Alexander Gonçalves Cordeiro, gerente de Tecnologia da Informação do Grupo Positivo.
Inovação, eficiência e encantamento
Quando os dilemas da IA são compreendidos e as devidas precauções são tomadas, esse ambiente cheio de possibilidades pode ser aproveitado para melhorar muito o nosso dia a dia. A digitalização dos processos permite economia de tempo e enriquece o trabalho com novas ideias e percepções que podem escapar à atenção humana. Nessa relação harmoniosa entre ser humano e máquina, os resultados são muito melhores, e o objetivo final – o de encantar e surpreender os clientes – é mais facilmente alcançado.
“A IA vem para empoderar as pessoas, para que elas façam o seu melhor”, enfatiza Cordeiro. Para Macionki, esses efeitos positivos vão aparecendo ao se estabelecer uma cultura, que pode ser chamada de “jornada digital”, que começa, é claro, com o trabalho de conscientização. “Aqui no Positivo, estamos promovendo capacitações, treinamentos e atividades gamificadas aos colaboradores, para que eles descubram alternativas para resolver determinados problemas.”

