Talvez o grande senso comum de 2020 seja o quão incomum ele foi. A pior crise sanitária em 100 anos, consequente isolamento social e uma interação digital frenética marcam nossas lembranças desse período (que perdura). Mas objetividades à parte, 2020 foi estranho à sua maneira para cada um de nós (afinal, “de perto ninguém é normal”). Assim, em cada um, este ano deixará os aprendizados que soubermos extrair de sua (indesejável) singularidade.
Inevitavelmente, a reflexão de final de ano nos provocará a um 2021 muito diferente do, agora longínquo, 2019, pois, no meio do caminho, havia uma pedra, ou 2020 pedras. Mas afinal, o que aprendemos com a interrupção de costumes arraigados? O que aprendemos com tantas perdas? Se houver aprendizado significativo, este forjará novos comportamentos. Aprendizados têm esse poder de mudar como entendemos o mundo e a nós mesmos. De mudar como ou o que fazemos. De alterar o significado e o gosto das coisas, até.
Deixo aqui um aprendizado que se mistura a uma prece: que tenhamos resgatado a importância do verdadeiro bem comum, aquele que transcende fronteiras. Afinal, fronteiras geográficas, raciais, religiosas, econômicas e sociais se mostraram como são. Construções fictícias, invenções humanas (deliberadas ou não) que foram solenemente ignoradas por uma doença que atingiu a todos.
O óbvio nos bate na cara. Compartilhamos um mesmo planeta e o seu primeiro, e mais precioso recurso, é o ar que respiramos. Suspenso nele, uma doença terrível nos lembrou o quanto a humanidade habita de fato, toda ela, uma mesma fronteira, uma mesma realidade íntima. O vírus nos infectou por meio da nossa maior fortaleza: a nossa capacidade de socializar, de estar perto, cooperar e cuidar uns dos outros. Ironicamente, a saída não está em outro lugar, se não na própria cooperação coletiva.
Assim, diante das tantas perdas (sobretudo humanas) deste ano, e percalços evitáveis, como não refletir sobre como poderíamos (e podemos) cooperar melhor, cuidar melhor de nós mesmos, do outro e do que temos em comum?
Alguns dirão apenas isso: 2020 foi uma pedra no meio do caminho. Vida que segue. Mas não há sempre de aparecer uma pedra no meio do caminho desta vida? Não é essa a nossa condição humana? Inevitavelmente o desvio é forçoso, é a realidade que se impõe, gostemos ou não. Nos resta a receita milenar da Grécia antiga e seus estoicos: compreender a realidade como ela é, buscar o bem comum acima de tudo e nos inclinarmos à gratidão. Com os pés firmes no presente, sempre.
Aos meus colegas de trabalho, enfatizo a minha gratidão pelos tantos aprendizados neste ano. Nunca estivemos tão longe. Nunca estivemos tão perto. Nunca lutamos tanto pelo bem comum em nossas empresas e unidades, e fora delas. Vamos juntos fazer do tempo futuro um verdadeiro novo tempo, de convivência mais inclusiva e igualitária, e de relações regenerativas com a mãe de todos nós, a mãe natureza.
Desejo um feliz 2021, com saúde e esperança para todos nós!
Lucas Raduy Guimarães
Presidente da Positivo Educacional
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