DESAFIOS E OPORTUNIDADES
A Redação da Revista Positivo conversou com o presidente da Positivo Educacional, Lucas Guimarães, sobre as mudanças ocorridas no Grupo nos últimos anos, as adaptações neste momento que vivemos, planejamento estratégico e as expectativas para os próximos passos. Confira:
Revista Positivo – Desde o ano passado, o Positivo tem passado por diversas mudanças e reorganizações, principalmente a partir da venda da Editora Positivo e da Universidade Positivo. Quais são os próximos passos? O movimento de vendas já foi finalizado? Qual é a estratégia do Grupo daqui para frente?
Lucas Guimarães – Em nossos comunicados por ocasião das vendas, explicamos as nossas motivações, que não mudaram: ter maior foco em um menor número de áreas de atuação e maior capacidade de investimento nestas áreas. De mesma forma, comunicamos quando da venda da UP, e reforço aqui, que o movimento de vendas foi finalizado. Agora é foco em crescimento sustentável, que defino como aquele que ocorre especialmente em decorrência da diferenciação da qualidade de nossa entrega ao mercado, é isso que buscamos. Nosso foco está no aprimoramento de nossas áreas de atuação, nas quais destaco: as novas aquisições e investimentos na modernização de nossas escolas próprias; a constante atualização de nossas soluções educacionais e expansão do Sistema Aprende Brasil; a busca por máxima eficiência e qualidade nos serviços da Posigraf; além do fortalecimento e consistência das nossas ações de responsabilidade social, por meio do Instituto Positivo.
“Agora é foco em crescimento sustentável, que defino como aquele que ocorre especialmente em decorrência da diferenciação da qualidade de nossa entrega ao mercado (…)”
RP – Além destes movimentos que foram planejados, logo na sequência tivemos mudanças devido à pandemia e suas consequências como o afastamento social, o fechamento físico temporário das nossas escolas entre outras. De que forma isso impacta neste planejamento estratégico previamente traçado?
L.G. – Depois de um 2019 extremamente agitado com os processos de vendas e aquisições (de escolas), imaginei que 2020 seria ainda muito duro, dado que temos uma readequação de estrutura a ser feita. Mas não imaginava que este ano seria tão duro assim, é claro. Nos dois primeiros meses da pandemia creio que eu me desgastei muito mais do que em alguns anos de trabalho, e isso é verdade para todas as equipes. Certamente nossas decisões de mais curto prazo são muito impactadas por esta pandemia e recessão, mas não vejo que a ponto de impactar o nosso planejamento estratégico de mais longo prazo. Estratégia é algo que está o tempo todo sendo repensada e avaliada, tem um lado mais emergente e um lado mais deliberado. Estamos atentos para os impactos mais duradouros desta recessão e aos hábitos consequentes do afastamento físico das pessoas, discutimos isso o tempo todo. Mas ainda é cedo para muitas afirmações. Neste momento, temos mais dúvidas do que respostas sobre estas mudanças à frente, porém estamos muito atentos.
RP – O movimento de aquisição de novas escolas será impactado ou ainda permanece como um dos focos do Grupo?
L.G. – Permanece, sim. O momento, no entanto, é de avaliação das aquisições que foram feitas. Ao passo que continuamos prospectando novas escolas, nosso ritmo sempre será mais lento do que o das empresas de capital aberto ou investidas por fundos de private equity, por exemplo. Nossa preocupação com a qualidade e consistência é muito grande, o que não nos permite, algumas vezes, ser tão rápidos em nossas decisões. Buscamos um crescimento consistente via aquisições.
“Certamente nossas decisões de mais curto prazo são muito impactadas por esta pandemia e recessão, mas não vejo que a ponto de impactar o nosso planejamento estratégico de mais longo prazo.”
RP – Como você avalia as adaptações e as soluções que os negócios e as frentes de atuação do Grupo estão criando neste cenário de necessidade de mudanças diárias e incertezas?
L.G. – Estou muito confiante de que estamos conseguindo manter nossas entregas em um nível aceitável, apesar do obstáculo que a distância representa, especialmente das escolas e do Aprende Brasil. Mas temos que aumentar nossa tolerância e empatia com todos (e conosco) neste momento, pois não nos planejamos para isso. Por outro lado, vejo potencial para novas soluções e produtos, com o uso de entregas remotas de capacitações para professores e atividades para alunos. Vários paradigmas foram quebrados, o que nos permite ver novas possibilidades. Muitos aprendizados ficarão, com certeza.
RP – E em relação à atuação do Positivo no âmbito social neste momento, quais ações estão sendo tomadas?
L.G. – O Instituto Positivo está participando ativamente da gestão (e como importante doador) da maior campanha de arrecadação de recursos do Paraná, “O amor contagia”, que tem como foco amparar instituições sociais e hospitais filantrópicos em nosso estado. Nessa campanha também temos o forte engajamento da Posigraf, que está ativamente angariando parcerias no varejo, onde já distribuiu mais de 2 milhões de panfletos da campanha. O Curso Positivo está levantando doações junto aos alunos através de aulas especiais, e o Aprende Brasil está disponibilizando ricos conteúdos educativos de forma gratuita, atingindo milhares de gestores, professores e alunos de escolas públicas. Já a Positivo Tecnologia colaborou ativamente para a produção de ventiladores pulmonares, doando recursos e tempo para tanto. Além disso, enquanto Grupo, desde o início da pandemia, oferecemos o Centro de Eventos Positivo (no Parque Barigui) para a Prefeitura, caso haja a necessidade de estabelecer um hospital de campanha por conta da pandemia, o que esperamos, claro, que não se concretize. Sinto muito orgulho do engajamento que estamos conseguindo em todas as nossas unidades, tentando amparar as pessoas mais vulneráveis neste momento.
“Estou orgulhoso de nosso trabalho e de nossas equipes, mesmo com todos os tropeços inevitáveis desse caminho turbulento que temos passado (…)”
“Estou orgulhoso de nosso trabalho e de nossas equipes, mesmo com todos os tropeços inevitáveis deste caminho turbulento que temos passado (…)”
RP – Falando agora especificamente de pessoas, foi necessário que a maioria dos colaboradores aderisse ao modelo de home office praticamente “de um dia para o outro” por conta da pandemia. O que você tem achado desse novo modelo de trabalho? Há um plano para o Positivo aderir a esse novo formato no cenário pós-pandemia?
L.G. – De forma alguma acredito que esse novo formato seja o ideal, ainda que tenha se mostrado bastante funcional. Assim como no ensino, ao meu ver, vejo que o futuro ideal está na combinação entre o modelo remoto e o tradicional. O teletrabalho funciona muito bem para algumas interações, mas certamente mesmo para estas, enfraquece os laços afetivos tão importantes para o sentimento de pertencimento que precisamos ter em relação ao nosso trabalho. Sentimos muita falta dos nossos colegas, assim como os alunos sentem falta de seus colegas de turma e professores. O contato social é uma necessidade básica do ser humano, assim como se alimentar ou dormir. Entendo que somente vamos encontrar um meio termo virtuoso, entre o modelo atual e o tradicional, quando pudermos voltar a operar normalmente.
RP – Qual a sua mensagem para os colaboradores em relação à atuação do Grupo Positivo no cenário atual e no que virá pós-pandemia?
L.G. – Minha mensagem é de gratidão, pois por onde eu olho, vejo as pessoas se desdobrando para fazer o seu melhor, para tentar atender às demandas de alunos e clientes da melhor forma possível, mesmo com todas as limitações. Estou orgulhoso de nosso trabalho e de nossas equipes, mesmo com todos os tropeços inevitáveis deste caminho turbulento que temos passado, estamos nos superando e aprendendo muito, portanto, os desafios são grandes oportunidades para todos.
LUCAS RADUY GUIMARÃES
Natural de Curitiba, Lucas foi aluno do Colégio Positivo no Ensino Fundamental e Médio. Durante a Graduação em Engenharia Civil, na Universidade Federal do Paraná, foi professor assistente de matemática no Curso Positivo. Após formado, foi gerente financeiro do Grupo Positivo e, na sequência, diretor administrativo da Posigraf.
Cursou MBA no MIT – Sloan School of Management, em Cambridge, Massachusetts (EUA), quando também atuou em empresas em Nova Iorque (EUA). De volta ao Brasil, atuou como CFO da Positivo Tecnologia, quando esteve à frente da abertura de capital da empresa na bolsa de valores, depois assumiu a Vice-Presidência do Grupo Positivo, até chegar à Presidência da Positivo Educacional.
